domingo, 4 de janeiro de 2015

Um ano sensacionalista

Difícil se jogar nos braços de um ano novo quando o velho ainda mal esfriou. Especialmente se o velho em questão era capaz de nos surpreender dia após dia com manchetes inacreditáveis, que juntavam na mesma sentença sintagmas tão distantes entre si quanto Lulu Santos e dupla sertaneja, Daniel e um roqueiro. (Quem assistiu ao The Voice Brasil entenderá.)

Além do mais, a virada aconteceu na quinta, a sexta morreu enforcada e o domingo – também conhecido como hoje – continua bem vivo. Enfim, já que todo ano que se preza só começa mesmo depois da segunda-feira, quiçá da quarta (de Cinzas), ainda é tempo de aproveitar o restinho de espumante para brindar os momentos mais escalafobéticos dos últimos doze meses.

Se bem que brindar não é bem a palavra quando recordamos o sete-a-um que Schweinsteiger e companhia aplicaram naquele time que vestia a camisa da Seleção. Falando nisso, enquanto eu escrevia a frase anterior, a Alemanha marcava mais um tento. E outro. Outro. Olha o cruzamento: outro. Virou bagunça. Melhor eu apitar o fim dessa lembrança antes que falte linha para tanto gol.

Só não pode faltar linha para: Barrichello campeão. Não sei quando (e se) vou ter outra chance de colocar os dois lado a lado.

Também não pode faltar linha para o tricô. Afinal, nesse ano Félix e Niko se beijaram, George Clooney e Fulana de Tal se casaram, Tim Burton e Antonio Banderas se separaram – de suas respectivas esposas, fique bem claro –, Tio Sam e Tia Cuba reataram. Notinha sobre a Gretchen: consta que a rainha do rebolado não trocou alianças em 2014, mas eu que não ponho o mindinho no fogo por essa notícia.

Bem ou malcasados à parte, notícia mesmo foi o Brasil ter deixado pela primeira vez o mapa mundial da fome, segundo as Nações Unidas. Curioso é essa vitória verde-amarela não ter aparecido na retrô da Globo, diferentemente do “Lepo-lepo” – dancinha que eletrizou os trios em Salvador no último Carnaval –, da segunda gravidez de Kate Middleton e do Emmy Internacional recebido por Roberto Irineu Marinho.

Juro que um dia hei de entender essa lógica de prioridades.

Deve ser mais fácil do que entender como São Paulo (nem tão) de repente (assim) virou sertão. Ou como alguns de seus habitantes cismaram de ocupar as ruas para pedir a volta dos militares. Será que a falta de água e, consequentemente, de hidratação tem a ver com essa inesperada falta de memória e bom senso dos paulistanos? Ou esse Alzheimer sazonal é culpa do uso abusivo do volume morto?

Que a Sabesp se pronuncie.

Enquanto o pronunciamento não vem, uma derradeira madeleine deste ano mais exótico do que qualquer excursão à Tailândia: a noite de Natal lá em casa não teve Simone.

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