domingo, 23 de novembro de 2014

Macho men

E não é que as fabiofobias – os medinhos e medões que listei na crônica de mesmo nome – deram pano pra mais umas linhas?

Leitores integrantes do MMMM (o Movimento dos Machos com M Maiúsculo) me repreenderam na última semana por expor minhas fragilidades ao mundo. Isso não é coisa que se diga além de quatro paredes, bradou um. Guarde essas histórias pra sacada do seu apê, berrou o outro. Assim você acaba com nossa fama de mau, protestou um terceiro. Macho que é macho não fala dos medos, mas os supera sem falar, ensinou um quarto. Houve até quem cismasse com minhas escolhas vocabulares: horror?! arrepio?! isso é palavra que homem use?

Só faltou eu ser atacado pela Sociedade Protetora das Lagartixas. Quer dizer, não faltou: lagartixas se alimentam de insetos, inclusive do Aedes aegypti, trate-as bem!

Às respostas.

Queridos um e outro, como não vivemos numa ditadura comunista cubana gayzista bolivariana soviética com viés árabe kamikaze – ao contrário do que alguns héteros paulistas acreditam –, tenho liberdade de revelar o que eu quiser além de quatro paredes, desde que não ofenda o vizinho. A não ser que minhas cuecas recém-lavadas, devidamente “guardadas” na sacada do apê enquanto não secam, estejam ofendendo a senhorinha do 602. Será? Uma coisa eu garanto: até hoje ninguém se pronunciou sobre o assunto nas reuniões de condomínio.

Caríssimos terceiro e quarto, eu jamais me daria ao trabalho de acabar com a fama de mau do Homem Que É Homem – ou HQEH, como genialmente siglava o Verissimo. Os tempos são outros, e o que vocês chamam de “fama de mau” já virou “má fama” há séculos. É só dar um Google: as mulheres agora querem os caras sensíveis, especialmente aqueles que são machos (e seguros) o suficiente para falar dos seus medos. (Quanto a superá-los, aí é outra história. Aliás, quem criou a Lei De Que Todo O Medo Deve Ser Obrigatoriamente Superado? Se não atrapalha sua vida, se você aprendeu a conviver com ele, já é um vitorioso. Meus-pa-ra-béns.)

Ao estimado fiscal do vocabulário alheio: palavra pode até ter gênero, mas não é propriedade exclusiva de um dos sexos. Além do mais, a língua, cada um a usa como bem entender. Believe me: um pouco de inspiração, muitíssimo de transpiração, e os usos se mostram infinitos. O importante não é de que boca a língua sai – se masculina ou feminina –, mas o prazer que ela proporciona ao entrar nos ouvidos.

Por fim, meus sinceros pedidos de desculpa à excelentíssima Sociedade Protetora das Lagartixas. Jamais foi minha intenção incentivar o extermínio das cujas. Sei que elas comem mosquitos, inclusive os da dengue. Mas que façam sua refeição bem longe da minha varanda. Também não quero estimular a extinção das onças. Mas se uma aparecer aqui em casa – o Ibama que me perdoe –, só não vai levar bala porque sou da paz e ando desarmado.

Mentira: é que tenho horror a qualquer arma (de fogo então...). Basta eu ouvir um estampido – a não ser no cinema, claro – que já me sobe aquele arrepio.

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