domingo, 17 de março de 2013

Simpatizantes

Quanta gente emocionada com a escolha do novo papa. Chorando. Rezando. Olhando pro céu. Comprando santinho. Esperando milagre. Até fazendo promessa de ir à igreja – nem que seja uma vez por ano. Talvez duas: Páscoa e Natal. Conta o casamento da sobrinha do cunhado do primo da vizinha?

O número de católicos quadruplicou nos últimos dias. Graças a Deus? Não, ao conclave: o hype da semana.

Uma coisa que não chega a ser hype – mas, convenhamos, pega bem à beça – é se anunciar cinéfilo. Muito cool. Só que o sujeito faz cara de Alien versus Predador pra filme de monstro; faz o diabético pra engolir uma comediazinha romântica; faz o judeu sem pátria toda vez que tem de atravessar (e não atravessa) a cidade pra encontrar uma salinha que esteja passando o último do Woody Allen.

Pior: faz-se de surdo – e, principalmente, de analfabeto – e encara na boa o maior dos pecados, o filme dublado. Até prefere. Legendas só atrapalham a fruição.

Oh. My. God. Father.

Tem também o torcedor rubro-negro. O Mengão desde criancinha que não sabe escalar o time, não sabe quando o time joga, não sabe de quanto o time perdeu, não sabe quem o time contratou para o ataque. Talvez nem saiba o nome completo do Zico – o que é heresia comparável a colocar São Judas Tadeu de cabeça pra baixo porque não deu conta da causa impossível.

O mundo anda cheio desses católicos não praticantes, desses cinéfilos de Sessão da tarde, desses torcedores de Copa do Mundo. Desses fiéis que enchem a boca pra dizer sou isso, sou aquilo, sou aquilo outro, mas que não têm fôlego para a missa todo domingo, para o clássico em preto e branco na última sessão, para o jogo num sábado à noite contra o Pindamonhangabense – pelo Brasileirão da Série D.

Dessa multidão que não se entrega – de coração, cabeça, estômago – a nada. Que não se integra a coisíssima alguma e, por isso, acaba comprometendo a própria integridade. Que vive apenas na superfície de um protocolar sinal da cruz toda vez que se vê diante de um templo; de um celular ligado nas redes sociais mesmo quando a sala já escureceu; de uma bandeira que só aparece na janela quando o time ganha.

Crente, crente de que simpatia é amor. Quase.

4 comentários:

  1. Curioso mesmo foi a "torcida brasileira" que ficou triste pelo argentino ter sido eleito. Como se fosse uma partida de futebol BrasilxArgentina rs

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  2. Sabe o que eu acho?
    Que as pessoas estão muito fanaticas isso sim, gostar de algo é uma coisa, gastar todo o seu tempo só naquilo é outra absurdo isso, as pessoas devem viver mais e parar de serem tão fanaticas isso sim.

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  3. Concordo com a Fernanda tb... qdo não se reclama do fanatismo, se reclama da falta de empolgação. Eu simplismente não cago regras de como as pessoas devem ser, se querem ser profundas, se querem ser rasas... sejam na medida que suas vontades quiserem!

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  4. Eu tb concordo com vc, É muita empolgação, e pouco conhecimento!!
    Abç

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