domingo, 15 de julho de 2012

Trio elétrico

Salvo por um pano aqui, um aspirador acolá, não levo vida de empreguete – mas pego às sete a novela de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, a toda boa Cheias de charme. Comediazinha bem despretensiosa que faz a gente voltar do serviço querendo se esparramar no sofá e acompanhar a véspera de madame de três Marias brasileiras.
 
Elas que são o piso brilhando de uma casa em que nada está fora do lugar. Heroínas que fazem a hora – até uma horinha extra, se for preciso –, Penha, Rosário e Cida não esperam acontecer o poeirento milagre do último capítulo, o ainda embaçado porque tão, tão distante felizes-para-sempre. Vão à luta pela sobrevivência, pela fama, pelo amor.

A Penha de Taís Araújo é a Maria na pia, a Maria na feira, a Maria na van lotada, a preta cheia de garra, a favelada do Borralho, da Rocinha, do Vidigal, da Mangueira, do Alemão que cria os irmãos e o filho sozinha, no braço, na nhanha, sem tchê tchererê tchê tchê, sem ajuda de marido, mãe, pai, tia, vó, vizinho, cachorro, papagaio, periquito.

A Rosário de Leandra Leal é a Maria cantando, a Maria dançando, a Maria no palco, a menina cheia de talento, a moça bonita que rabisca mil e um chalalalás no caderno colorido, toca violão no barzinho da esquina depois do expediente, bola coreografias mirabolantes, faz do seu quarto um camarim de sonhos a serem realizados.

A Cida de Isabelle Drummond é a Maria "Cinderela, Cinderela, noite e dia, Cinderela", cheia de graça e doçura, prestes a deixar as garras da madrasta patroete e de suas filhas – a nojenta e a entojada –, tomar as rédeas de sua carruagem com lataria de limusine cor-de-rosa e rumar até o castelo de seu príncipe de carne e osso.

Se não bastasse o trio ternura, a saga das curicas ainda tem a Chayene de Cláudia Abreu como a antagonista pavoa, mistura arretada de Viúva Porcina, Joelma (da banda Calypso) e vilã de desenho animado. (E mais não me arrisco a falar da diva, sob o risco iminente de a Brabuleta de Sobradinho achar que a estou comparando com aquelas chumbreguetes desenxabidas.)

Como ouvi manhã dessas no programa de rádio do Gentil Soares, que escuto enquanto lavo a louça do café, novela assim – de a gente rir de se acabar – não acontece todo dia.

2 comentários:

  1. Não tenho muito saco pra novelas
    meu vício mesmo é computador! até porque não achei muito verossimel essa história na TV

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  2. A despretensão talvez seja o ponto forte desta novela que tem muito charme sim , especialmente de cláudia Abreu que na minha opinião é a melhor atriz do ano até agora .

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