domingo, 1 de dezembro de 2013

Falta de assunto

Bem que me disseram: um dia você ainda vai usar esse título. Cedo ou tarde, vai acordar sem ter o que escrever. Sem a menor ideia do que falar. Com a cachola mais vazia que carrinho de supermercado no fim do mês. O dia enfim chegou. E chegou chegando: tomou conta do sofá feito o Zé Dirceu tomando conta de sua cela na Papuda. Dando ordens, distribuindo tarefas, decretando a hora de fazer isso e aquilo.

Praticamente o rei do camarote.

Será? Fico tentando imaginar como certos jornalões conseguem saber TUDO que acontece entre quatro paredes; no caso, entre quatro muros imensos, decorados de arame farpado e cerca elétrica. Até diálogos inteiros – com direito a todas as interjeições – são reproduzidos em determinadas matérias. Das duas uma: ou o repórter é o Ethan Hunt do jornalismo investigativo ou... o Gilberto Braga.

Mas política não é meu forte. Eu não sobreviveria meia edição entre Merval Pereira e Diogo Mainardi. Teria logo um mal súbito e morreria abraçado à ficção.

Falando nela, talvez minhas ideias para um novo romance dessem uma crônica que valesse o domingo. Ou pelo menos a manhã de. Tenho pensado muito numa trama que envolva um ex-ator pornô cujo maior sonho é produzir chocolates finos, uma adolescente que devora borboletas, uma senhorinha viciada em zumbis e, claro, dois ou três cavaleiros templários em busca da Verdade maiúscula da humanidade.

Só ainda não sei se a história se passará no subúrbio do Rio ou em alguma cidade medieval do Leste Europeu.

O que sei é que ninguém está aí para os delírios de um escritor (sic) com quase tanta imaginação quanto autor de novela ou jornalista responsável por cobrir mensalices no país das maravilhas. Nessas horas de página em branco, o melhor é recorrer ao caixa dois da memória e resgatar de lá uma inconfidência das boas. Fofoca nua e crua, malpassada no máximo. O leitor curte à beça e ainda compartilha com os amigos.

Pois então: sonhei a semana inteira com o ministro Joaquim Barbosa. Sério. Ele subindo a rampa do Planalto – faixa verde-amarela no peito – e bradando retumbantemente cadeia já, de preferência em regime fechado, para os que insistirem em chamar a Friday de Black. A Fraude, digo, a Friday é Afro-Descendant e pronto. Caso encerrado.

4 comentários:

  1. Também já escrevi um texto sobre o que nada escrever... todo escritor passa por isso... rsrs só fico com medo essa imagem de glorificação que fazem encima do Joaquim Barbosa... é verdade que o que ele faz é muito mais do que todos não fazem na justiça... o meu receio é o pessoal cair do cavalo com ele em imaginar algo que ele não é: salvador da pátria.

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  2. Sobre falta de assunto: não acredito nisso... acho que às vezes é preguiça mesmo [ou ainda, um certo cansaço para contextualizar]

    Sobre o Joaquim Barbosa: concordo com o comentário do Guilherme: ele não deveria ser visto como o salvador da pátria quando está só fazendo seu trabalho, como os outros deveriam estar. Por essas e outras somos um país politicamente medíocre, que precisa de "herois", como se a vida fosse uma HQ.

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  3. Texto leve e inclusive um pouco humorado no fim. Mais genial e forte mesmo não tendo muito assunto e sendo uma conversar, praticamente. Porem bom e uma crônica que não perdeu o valo de outras deste mesmo blog! Parabéns!!!

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  4. Cara o Joaquim só faz o que tem de fazer...O Pessoal endeuza ele por uma conduta que ele mantem de fazer seu serviço....As vezes encho o saco dele na mídia babaca...

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