quinta-feira, 10 de maio de 2012

Estão rolando os dados

Disparam a metralhadora cheia de novidades enquanto o sol vence a cortina. Enquanto o relógio atrasa a hora. Enquanto a tevê acorda o bicho. Enquanto a água ferve o dia. 

Enquanto – o homem corre na direção contrária, o pódio não alcança o primeiro lugar, o beijo da namorada vaza nas redes, os ratos enchem a piscina, as ideias desenganam os fatos.

A puta frequenta as festinhas do Grand Monde, o ladrão posa para a capa da revista, a bicha enfeita a missa de domingo, o maconheiro marcha feito soldado cabeça de papel.

Mil rosas são roubadas.

O poeta não exagera mais nas cores, o amor não é mais reinventado, o liquidificador não guarda mais segredos, o herói não morre mais de overdose.

O inimigo está no poder.

E aquele garoto, o doce Zuzinha, não vai mudar o mundo. Não o elegeram chefe de nada. Não o convidaram para o banquete. Não lhe ofereceram nem uma Coca zero.

Por aqui a água ferve, o dia nasce quase feliz. A tevê acorda, o bicho precisa dizer que te ama. O relógio atrasa, a hora faz a vida breve. A metralhadora dispara, o tempo não para.

Não para, não, não para.

5 comentários:

  1. É, o tempo nao para e nada mais é como antes. Tá tudo revirado, de ponta cabeça, tudo errado...ÓTIMO texto! Meio louco, mas muito bom. Parabéns.

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    Diogo de Castro

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