Disparam a metralhadora cheia de novidades enquanto o sol
vence a cortina. Enquanto o relógio atrasa a hora. Enquanto a tevê acorda o
bicho. Enquanto a água ferve o dia.
Enquanto – o homem corre na direção contrária, o
pódio não alcança o primeiro lugar, o beijo da namorada vaza nas redes, os
ratos enchem a piscina, as ideias desenganam os fatos.
A puta frequenta as festinhas do Grand Monde, o ladrão posa para
a capa da revista, a bicha enfeita a missa de domingo, o maconheiro marcha
feito soldado cabeça de papel.
Mil rosas são roubadas.
O poeta não exagera mais nas cores, o amor não é mais
reinventado, o liquidificador não guarda mais segredos, o herói não morre mais
de overdose.
O inimigo está no poder.
E aquele garoto, o doce Zuzinha, não vai mudar o
mundo. Não o elegeram chefe de nada. Não o convidaram para o banquete. Não lhe
ofereceram nem uma Coca zero.
Por aqui a água ferve, o dia nasce quase feliz. A tevê
acorda, o bicho precisa dizer que te ama. O relógio atrasa, a hora faz a vida
breve. A metralhadora dispara, o tempo não para.
muito bom o texto
ResponderExcluirMuito bom, cara! Parabéns.
ResponderExcluirPremonições de um visionário.
ResponderExcluirachei meio loco esse texto
ResponderExcluirÉ, o tempo nao para e nada mais é como antes. Tá tudo revirado, de ponta cabeça, tudo errado...ÓTIMO texto! Meio louco, mas muito bom. Parabéns.
ResponderExcluir100 CATEGORIA passou por aqui
Diogo de Castro