Assistir ao musical Cabaret me
deu uma certeza: a Cláudia Raia chegará fácil, fácil aos duzentos anos e
dançará até os trezentos. Por baixo. A vitalidade da moça no palco não
surpreende – ela já fez e aconteceu outras vezes –, mas ainda
impressiona. Muito. Sua Sally Bowles arrasa mil e um quarteirões, deixando
qualquer Katrina com jeito de brisa.
Madonna também é assim – inoxidável. Entra ano,
sai década, e lá está ela sobre e sob luzes se reinventando, dando de ombros,
braços, pernas, cabeça para o tempo.
Como um Michael Schumacher, que insiste em não tirar o pé
do acelerador apesar de todos os troféus levantados e recordes batidos. O homem
está na pista. É a pista.
Como um Silvio Santos, que parece ter nascido num auditório
cheio de colegas de trabalho e de lá jamais saído. Nem sairá. Porque achou ali
a fonte da juventude, o baú da felicidade eterna.
Como um Oscar Niemeyer, que desafia todos os aniversários e
todas as leis da engenharia para continuar criando, projetando, arquitetando, desenhando.
A própria vida.
Como a professora que não larga a sala de aula mesmo depois
da aposentadoria; como a dona de casa que não admite nadíssima fora do lugar
mesmo depois de bisavó; como o médico que não desliga o celular mesmo depois de
cinquenta anos de profissão; como o escritor que arrisca mais um romance mesmo
depois de quarenta publicados.
Que eu chegue assim às minhas cem velinhas sobre o
bolo – com a vitalidade da Cláudia, a luz da Madonna, a insistência
do Schumacher, a juventude do Silvio. Criando feito o Niemeyer.