As
marveletes que me desculpem: mas o novo capítulo dos Vingadores – Era de Ultron – não é essa joia do
infinito toda.
Tem
lá seus momentos? Tem. Dois deles, aliás, garantem os orgasmos prometidos nos
trailers: a sequência sem cortes que abre o longa, na qual cada herói apresenta
suas supercredenciais; e o clímax em câmera lenta, quando a equipe inteira –
inclusive uma turma recém-promovida – se reúne para proteger o núcleo da cidade
flutuante.
Outro
momento inspirado é a piada envolvendo o martelo do Thor. Começa na festchenha dos Vingadores, no início do
filme, e só é concluída no ato final, ao fechar habilmente uma lacuna do
roteiro.
Há
ainda esse ou aquele diálogo interessante entre Bruce Banner e a Viúva Negra,
Tony Stark e o Capitão América, Ultron e qualquer outro personagem – instantes
que, no entanto, acabam espremidos por cenas de ação em geral editadas à moda
Michael Bay, o que costuma dificultar o entendimento do que está acontecendo na
tela.
(Alguém
me explica como aquele escudo foi parar ali?)
O
que mais incomoda, no entanto, é o vilão da vez. Ainda que James Spader confira
alma e personalidade àquela espécie de Pinóquio do Mal – um trabalho de ator
que por si só justifica toda a ojeriza às cópias dubladas –, Ultron soa pouco ameaçador. A facilidade (spoiler) com que o todo-poderoso software é
desconectado da internet pelo Visão me fez sentir saudades da aparentemente
invencível Skynet, até hoje combatida por John Connor na saga O exterminador do futuro.
É
tudo tão rápido que fico me perguntando por que era de Ultron. Seu mandato não passa de uma semaninha e olhe lá.
Outro
aspecto que enfraquece a trama é o excesso de personagens, o que dilui o fio
condutor da história – a relação criador-criatura entre Stark e Ultron – e contribui
para que a ambiguidade do primeiro (herdada pelo segundo) não seja
suficientemente explorada. Muito mais do que em qualquer filme do Homem de
Ferro até aqui, era preciso que o roteiro sublinhasse o quanto o bilionário
simboliza ao mesmo tempo esperança e ameaça – esperança de paz por integrar um
time de super-heróis; ameaça de guerra por personificar a própria indústria
armamentista.
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