Pensando
seriamente em mudar de ramo e passar a escrever sacanagem. Calma, calma, sem
histeria. Não pretendo inaugurar uma coluna que fale do cotidiano do Congresso
Nacional ou da Assembleia Legislativa da minha cidade. Tampouco estou
anunciando minha contratação pela revista favorita das criaturas com renda
superior a dez salários e córtex inferior a dois neurônios.
Pornografia
tem limite.
Minha
ideia é bem mais soft, quase tão pueril quanto o Multishow após a meia-noite:
só quero deitar na mesma cama que E. L. James (a autora dos Cinquenta tons), transar uma ou duas
trilogias sadossafadjenhas e dar uma viagrada na minha conta bancária. Quem
sabe assim eu não atinja ao menos meio por cento do patrimônio do Christian
Grey e possa levar uma vida mais decente.
Decente
nível doleiro amigo de empreiteira, fique muito claro.
O
que não está claro ainda é o mote da minha saga épico-erótica. O ponto G. Uma
Cinderela que, em vez de sofrer nas mãos das irmãs, faz delas – das mãos – seu
passatempo favorito? Uma alienígena que domina os principais líderes mundiais
na base de rijos sabres de luz? Uma serial
lover que, depois de arruinar mil corações, de repente topa com um don juan aparentemente imune ao seu Chanel?
Entre
quatro paredes apertadinhas: nessas histórias a protagonista é o de menos –
desde que, duas ou três vezes por capítulo, a dita entumeça os mamilos.
Mais
vale um título pré-aquecido para (re)acender o forninho dos leitores: Você é fogo, eu sou paixão. Hum. Cafona
e brochante. Um bonde chamado luxúria?
Demodê. Nesse caso é melhor Um BRT
chamado desejo. Gosto de O pecado
mora ao lado, em cima e embaixo, mas pode assustar os que preferem
literatura papai-e-mamãe. Já Sonetos de infidelidade
soa classudo demais, tesudo de menos. Que tal Sonhos tórridos de uma noite de verão? Não: tão apelativo quanto
michê, digo, clichê.
Um
momento. Parem os vibradores. Acabam de me ocorrer os nomes de guerra perfeitos
para os três volumes da pornoepopeia que há de dar uma chave de pernas no mundo:
Agarra-me, Joga-me na parede e Chama-me
de lagartixa. Pena o Marquês de Sade não estar mais entre nós. Certeza de
que ficaria ruborizado – e excitadíssimo – de orgulho só de ouvir títulos tão
afrodisíacos.
Pobre Chris: vai virar Sabrina perto do meu kama sutra.
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