Há dias em que deveríamos acordar em Paris. Croissant no
café, Monet na parede, Torre Eiffel na janela. Infelizmente, nem sempre é
possível. Quase nunca. No meu caso, nunquinha (ainda!). Paciência. De vez em
quando, dou um jeito, fujo do trabalho e me escondo numa sala escura só para
ouvir a língua de Toulouse-Lautrec.
Ou para ver os olhos amendoados da Audrey Tautou. Na última
escapadela, seu mais recente filme, o briochinho A delicadeza do amor.
A história de uma viúva (Nathalie) que se soterra de trabalho para esquecer a
tragédia que vitimou seu marido (François). Até a hora mágica em que ela decide
beijar um de seus colegas, o tímido Markus. Assim mesmo – do nada.
E é daquele "nada", daquele encontro inesperado
(para os dois), que nasce discretamente, sem violinos e clichês, sem
circunstâncias estapafúrdias e pompas hollywoodianas, o sentimento que os
aproxima, que lhes dá a chance de enxergar o outro de perto e descobrir
afinidades até então invisíveis: o tal do amor.
Daí em diante, a câmera da dupla David e Stéphane Foenkinos
desenha carinhos e medos do casal com as tintas da suavidade – como
num breve passeio pelo jardim da casa da avó dela –, uma pincelada de
graça – como no momento em que Markus se perfuma antes de teclar com
a amada – e uma edição que salta elegantemente no
tempo – como na sequência inicial, na qual espiamos o dia em que
Nathalie conheceu François.
Por falar em François (não o marido de Nathalie, mas o
outro, François Damiens, que interpreta Markus), nele está a alma do filme. Seu
jeitão desajeitado, sua fala mansinha, sua sensibilidade de poeta
despretensioso alcançam o espectador mais distante. Cá entre nós, é possível
não se apaixonar por um sujeito que, ao ser questionado sobre o que mais gosta
em sua namorada, diz que ela lhe permite ser a melhor versão dele mesmo?
Adoro filmes franceses, ainda mais com a Audrey! Adoro a língua, os cenários, e os filmes com ela são ainda muito envolventes!
ResponderExcluirGostei da dica!