Passava por ela todo dia depois do trabalho. Tinha teto,
tinha chão, tinha parede. Mas não tinha nada. A não ser as janelas
tristes, o portão carrancudo, a fachada decadentemente aristocrática, a varanda
carcomida, o quintal melancólico e – o que mais me
seduzia – a atmosfera de mistério abandonado, de enigma esquecido
pelo tempo.
A casa era guardada por três cães brancos, de olhos quase
vivos, atentos a cada movimento da rua. A cada ventania disfarçada de brisa.
Eles sabiam quem eu era. Sabiam que eu passava por ali todo
finzinho de tarde. Sabiam que eu parava uns bons minutos diante do palacete não
apenas para admirá-lo – mas para desvendá-lo. Sabiam que eu não
sossegaria enquanto não descobrisse o que tanto vigiavam, o que protegiam, o
que escondiam, o que defendiam.
Talvez o Santo Graal.
Ou o tesouro do temido Willy Caolho. A joia do
Nilo. O precioso Anel de Sauron. A Flor das Sete Cores. O mapa das minas do rei
Salomão. A arca perdida. O elo perdido. O stargate. As
horcruxes. Um carregamento clandestino de chocolate Wonka. O labirinto do
Fauno. A estrada de tijolos amarelos. O buraco do coelho.
Que texto lindo!
ResponderExcluirNão creio que é seu :O
Adoreeei *-*
Juro que a primeira coisa que me veio à cabeça quando vi a casa foi a muy nobre e antiga mansão da família Black. Haha.
ResponderExcluir:*
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