Passados
vinte anos, os aliens resolvem atacar os Estados Unidos da Terra mais uma vez.
E mais uma vez num Quatro de Julho. Tanto tempo e os ETs de Independence Day não atinaram o óbvio: que
não há chance de vitória contra os americanos quando eles estão num dos seus
raros dias de folga. Bem se vê que poderio bélico e vida inteligente não
caminham necessariamente juntos.
Outra
conclusão a que cheguei ao final do filme: tamanho não é mesmo documento. Nem
uma nave capaz de cobrir um oceano inteiro – e de pulverizar uma capital como
Londres – faz sombra àquela (bem menor) que mandou a Casa Branca pelos ares. Claro,
essa sequência gerou tanto impacto à época, a ponto de se tornar antológica, porque
foi realizada muito antes da queda das Torres Gêmeas, quando a América (e o
Ocidente de modo geral) ainda conservava certa aura de território inexpugnável.
Hoje
em dia, a consciência de que nenhum lugar é seguro (nem Nova York, nem Washington,
nem Paris, nem Orlando) talvez dilua a comoção da plateia diante dessas
explosões de terabytes. Acrescente-se a isso o fato de o longa de 1996 ter (re)aberto
as portas do cinema para o apocalipse, possibilitando que vulcões, tsunamis, asteroides
e até uma profecia maia tirassem suas casquinhas da superfície terrestre – o
que de alguma forma anestesiou o público para cenas espetaculosas de destruição
em massa.
Já
que superar o original com mais tiro, porrada e bomba seria quase impossível,
que se tentasse com os novos personagens. Não deu. Você soma todo o elenco
jovem (que conta até com o irmão do Thor que não é o Loki, mas o ainda
inexpressivo Liam Hemsworth) e não atinge dez por cento do talento e carisma de
Will Smith – cujo capitão Steven Hiller virou apenas uma foto na parede depois
de sua morte durante testes do primeiro caça com tecnologia alienígena.
Salvam-se
ali os veteranos, entre os quais Bill Pullman – que, se agora não sobe no
carro de som para levantar a moral da tropa, ao menos mantém o olhar
charmosamente canastra de presidente herói – e Jeff Goldblum – que sustenta a
imagem de profissional sério (uma espécie de consultor do governo para assuntos
interplanetários) sem deixar de lado o bom humor diante do absurdo, como no
instante em que comenta que os ETs adoram destruir nossos pontos de referência.
Infelizmente,
tiradas divertidas como essa não redimem o roteiro – que seria mais atraente se
desenvolvesse as boas ideias que sugere e não sucumbisse a velhos preconceitos.
Por um lado, minutos que poderiam ser usados para detalhar a ação dos ETs presos
na Área 51 ou os incidentes na África (onde o pouso de uma nave deu origem a
uma batalha campal entre humanos e aliens) são desperdiçados com bobagens, como
a caricatura irrelevante e sem graça de Nicolas Wright. Por outro, o cuidado de
se mostrar um mundo menos machista que o de duas décadas atrás – com mulheres
em posições de comando – é sabotado pelos próprios roteiristas, que concebem a presidenta
americana como uma líder que, invariavelmente, toma decisões erradas e precisa
ser substituída por... homens.
Esses
tropeços, no entanto, ainda poderiam ser minimizados se o filme conseguisse ao
menos emular a tensão crescente de seu antecessor, quando os espectadores iam
ficando mais e mais aflitos a cada ofensiva terráquea que esbarrava nos sistemas
de defesa do inimigo e nos aproximava da extinção. Não consegue. Culpa do
clímax, que inclui uma godzilla mais desengonçada que assustadora perseguindo
um típico school bus? Ou do clímax do clímax, que traz quatro caças manobrando explicitamente
contra a monstrenga, sem que a esquadrilha adversária se mexa para defendê-la, permanecendo
confinada naquele carrossel inútil em torno de sua rainha?
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