Não sei vocês, mas sempre que invento de arrumar aquela
estante que suporta mais livros do que a física acredita, encontro motivo para adiar
a faxina. Desta vez, foi um livrão de capa colorida e rostos conhecidos:
Charlie Brown, Manda-Chuva, os Flintstones, os Jetsons, Tom & Jerry e
outros tantos superamigos. Saudade deles. Saudade que me fez garimpar um
cantinho de tempo para folhear página por página do Animaq: almanaque dos desenhos animados (Matrix, 2010), de Paulo
Gustavo Pereira.
Quem um dia se divertiu com as travessuras do Pica-Pau, acompanhou
Scooby e sua turma desmascarando fantasmas nada sobrenaturais ou já se imaginou
pilotando o Mach 5 certamente vai adorar essa antologia, que reúne zilhares de madeleines
do mundo da animação. Uma verdadeira corrida maluca, que começa nos anos 1930, com
o charme da provocante Betty Boop, e vai até o melhor desenho de todos os
tempos da última semana, que pode ser o Ben 10 ou qualquer outro animê
legitimamente norte-americano.
Uma delícia reencontrar Eric, Hank, Diana, Sheila, Presto e
Bobby (ainda) perdidos na Caverna do Dragão; o lalalalá dos Smurfs azucrinando
Gargamel; Zé Colmeia e Catatau surrupiando cestas de piquenique em Jellystone; o (nada) bom e
(muitíssimo) velho Mum-Rá evocando antigos espíritos do mal a transformar
aquela forma decadente no ser de vida eterna.
(Tudo isso enquanto o He-Man dançava um rock gravado por Tom
Jobim e a She-Ra namorava o Esqueleto no jardim.)
Tempos bons que invariavelmente voltam quando a gente
resolve embarcar numa aventura à Ducktales
(uh-uh!) e desenterrar aquelas moedinhas que ficam mais valiosas com o passar
dos anos, tesouros como o timing
cômico da dupla Papa-Léguas/Coiote; a ironia de cada “que que há, velhinho?” do
Pernalonga; e as altas viagens que os Muppet Babies faziam – sem sair do quarto
– até que a Babá (só as pernas dela, é verdade) aparecesse e perguntasse “Is
everything all right in here?”. Yes, Nanny.
E, se o leitor pensa que that’s all, folks, está
ligeirinhamente enganado. O Animaq é
um universo de mais de trezentas páginas, e nele habitam ainda o reino de Dar-Shan, o humor de Springfield, os
dentões da Mônica, a lendária Flor das Sete Cores e um carregamento vitalício
de latinhas de espinafre – além de mil e uma histórias de um lugar que não cabe
numa folha qualquer, que não se faz apenas com cinco ou seis retas.
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