Pois
é, pois é, pois é. Foi só eu topar com uma enquetezinha boba – dessas que levam
do nada a algum barril da memória – que me escapuliu aquela vontade nhonha de
evitar a fadiga e esquecer a louça na pia. A pergunta do dia: é de groselha,
limão ou tamarindo? Brincadeira. Ainda bem que o leitor tem paciência comigo;
não tem? Sério agora. Queriam saber qual tinha sido o melhor episódio de todos
os tempos da série criada por Roberto Gomes Bolaños.
Sem
querer querendo, o site oferecia mais que uma xícara de reminiscências, e
recordava pérolas (ou seriam carambolas?) que iam da viagem a Acapulco – com seu
entardecer ninado pelos versos de “Boa noite, vizinhança” – ao cineminha com
toda a turma da vila – episódio que popularizou o bordão “Teria sido melhor ver
o filme do Pelé” –, passando por inúmeros outros clássicos.
Mas,
como qualquer lista, essa também tinha ausências dignas de um ai-que-burro-dá-zero-pra-ele,
ainda que citasse duas dezenas de histórias inesquecíveis. O povo dos comentários
– em geral a gentalha da rede – dessa vez prestou um serviço do tamanho do Sr.
Barriga ao lembrar, entre vários tesouros e loterias inacreditavelmente
ignorados pela pesquisa, os espíritos zombeteiros, o julgamento do Chaves e os
“higiênicos churros da Dona Florinda”.
Como
esquecer a Bruxa do 71, digo, a Dona Clotilde incorporando a médium enquanto o
Chaves puxava a toalha da mesa e o Quico batia a cabeça na porta, fazendo com
que todos acreditassem que os mortos estavam de fato se manifestando? Ou o
Chaves (olha ele, olha ele!) perguntando ao Professor Girafales pela enésima vez
se este se referia ao gato ou ao Quico? Ou, ainda, o Seu Madruga com chapéu e
avental de chef?
Cada
um deles deixou um gostinho de sanduíche de presunto na lembrança de quem os
degustou. A ponto de até hoje os fãs rirem de falas – quando não as usam no
cotidiano – como “Já chegou o disco voador”, “A vingança nunca é plena, mata a
alma e a envenena” e “Não tem biscoito”. Entre tantas linhas memoráveis, guardo
especialmente a sabedoria macunaímica de Don Ramón, Madruguinha para os íntimos:
“Não existe trabalho ruim. O ruim é ter que trabalhar”.