Difícil
se jogar nos braços de um ano novo quando o velho ainda mal esfriou.
Especialmente se o velho em questão era capaz de nos surpreender dia após dia
com manchetes inacreditáveis, que juntavam na mesma sentença sintagmas
tão distantes entre si quanto Lulu Santos
e dupla sertaneja, Daniel e um roqueiro. (Quem assistiu ao The
Voice Brasil entenderá.)
Além
do mais, a virada aconteceu na quinta, a sexta morreu enforcada e o domingo –
também conhecido como hoje – continua bem vivo. Enfim, já que todo ano que se
preza só começa mesmo depois da segunda-feira, quiçá da quarta (de Cinzas), ainda
é tempo de aproveitar o restinho de espumante para brindar os momentos mais
escalafobéticos dos últimos doze meses.
Se
bem que brindar não é bem a palavra quando recordamos o sete-a-um que Schweinsteiger
e companhia aplicaram naquele time que vestia a camisa da Seleção. Falando
nisso, enquanto eu escrevia a frase anterior, a Alemanha marcava mais um tento.
E outro. Outro. Olha o cruzamento: outro. Virou bagunça. Melhor eu apitar o fim
dessa lembrança antes que falte linha para tanto gol.
Só
não pode faltar linha para: Barrichello campeão. Não sei quando (e se) vou ter
outra chance de colocar os dois lado a lado.
Também
não pode faltar linha para o tricô. Afinal, nesse ano Félix e Niko se beijaram,
George Clooney e Fulana de Tal se casaram, Tim Burton e Antonio Banderas se
separaram – de suas respectivas esposas, fique bem claro –, Tio Sam e Tia Cuba
reataram. Notinha sobre a Gretchen: consta que a rainha do rebolado não trocou
alianças em 2014, mas eu que não ponho o mindinho no fogo por essa notícia.
Bem
ou malcasados à parte, notícia mesmo foi o Brasil ter deixado pela primeira vez
o mapa mundial da fome, segundo as Nações Unidas. Curioso é essa vitória
verde-amarela não ter aparecido na retrô da Globo, diferentemente do
“Lepo-lepo” – dancinha que eletrizou os trios em Salvador no último Carnaval –,
da segunda gravidez de Kate Middleton e do Emmy Internacional recebido por
Roberto Irineu Marinho.
Juro
que um dia hei de entender essa lógica de prioridades.
Deve
ser mais fácil do que entender como São Paulo (nem tão) de repente (assim)
virou sertão. Ou como alguns de seus habitantes cismaram de ocupar as ruas para
pedir a volta dos militares. Será que a falta de água e, consequentemente, de
hidratação tem a ver com essa inesperada falta de memória e bom senso dos
paulistanos? Ou esse Alzheimer sazonal é culpa do uso abusivo do volume morto?
Que
a Sabesp se pronuncie.
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