Um
atraso de cinco minutos e ele (ou ela) já se irrita. Franze a testa, torce o
nariz, enche o peito, mexe a cintura, cruza os braços, bate o pé. Faz praticamente
uma sessão de lambaeróbica só porque você levou tempo demais calçando os
sapatos ou estacionando o carro. Antes fizesse regularmente lamba, funk,
sertanejoaeróbica até – qualquer coisa que liberasse a endorfina represada e
poupasse o mundo de seus pitis de alto impacto.
Ô,
campeão (ou campeã), negócio é o seguinte: não dê tanta importância a faltinha
boba, passe lateral, chute sem direção. Nenhum desses lances vai entrar nos
melhores (nem nos piores) momentos da partida. Muito menos vão aparecer naquela
retrô de fim de ano apresentada pelo Chapelin. Portanto, não desperdice
músculos, neurônios e principalmente segundos – seus e dos outros – com bobagices.
Não
gaste seu sistema Cantareira com aquele quadrinho que jamais descansará na posição
certa; com aquela garoa que cai sempre na hora errada; com aquele arroz à grega
que mais parece um panetone de tanta passa; com aquela prova de resistência
coronariana que é marcar a consulta no cardiologista; com aquele celular que
sofre da síndrome do telefone fixo, e só funciona na tomada; com aquela vizinha
que insiste em redecorar a sala diariamente (e, para isso, arrasta sofá,
estante...); com aquele tio carente que costuma ligar assim que começa o último
capítulo da novela.
Com
aquele coleguinha que, de boca fechada, é a estátua do Drummond.
Só
consuma seu reservatório – e aí vale chegar ao volume morto – em caso de beijo
apaixonado no amor da sua vida; abraço apertado nos pais; faxina no apê para
receber a moçada; preparativos para festa de qualquer espécie; campanha para
candidato ficha limpa; montagem de árvore de Natal; escolha do presente
perfeito para o amigo oculto; sapatinhos de crochê para bebês em geral; fila
sob chuva para show do Paul McCartney; curso rápido de francês para conhecer
Paris sem guia; peregrinação por TODAS as atrações do Magic Kingdom antes dos
fogos de artifício.
Se
não for para esgotar corpitcho e mente com atividades desse tipo – que dão
prazer a você e/ou aos outros, que tornam este planetinha um lugar ligeiramente
mais habitável que os desertos marcianos –, o melhor a fazer, então, é seguir o
exemplo das sábias tartarugas de Galápagos: economizar energia e viver duzentos
anos.
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