O
bonde do João Luiz parece não ter freio. Mais conhecido na Vila Operária dos
Três Porquinhos como Lobão, o sujeito agora deu de agendar passeata na Paulista
toda semana. Dizem as boas línguas que o muso das vovozinhas paulistanas adorou
esse negócio de subir no trio elétrico e – num oferecimento da Sociedade
Protetora dos Tucanos – discursar sobre ornitologia para quinhentas pessoas. Há
milênios um “show” dele não juntava tanta gente.
Mas
se engana quem acha que o mais recente rolezinho gourmet sob o Masp – que
acontecerá no próximo dia 25 – terá outra vez como tema o fora-Dilma ou o
fora-PT. A coisa é muito mais séria dessa vez. De abalar as estruturas do
capitalismo selvagem. O motivo da nova manifestação é o impeachment imediato do
Papai Noel. Você não leu errado: querem tirar o Bom Velhinho de seu cargo eterno-perpétuo-forever-and-ever.
Os
lobistas da bancada da moda defendem o golpe com a justificativa de que
enjoaram do vermelho. Os da ala autointitulada mais moderada apelam para o
argumento da alternância de poder; reclamam que o Seu Claus manda e desmanda na
distribuição mundial de brinquedos desde o tempo em que a criançada se
contentava com um pião de madeira sem wi-fi. Já a turma dos direitos humanos,
animais e élficos – embasada em relatório da ONG Noite Feliz para Todos – exige
o fim do trabalho escravo de renas e duendes.
Os
mais extremistas, por sua vez, temem que, não satisfeito com todo o poder que
carrega naquele saco, Noel ainda exija do governo uma boa colocação na futura
diretoria da Petrobras e assim – com o auxílio de alguns petrodólares – amplie
seus programas sociais, como o bem-sucedido Bolsa-Lembrancinha, que tem feito a
alegria de milhões de meninos e meninas carentes mundo afora.
“Não
tem que sair por aí dando presentes; tem que ensinar a garotada a comprá-los
nas lojas mais caras do ramo”, explica o velho Lobo (que não é o Zagallo).
Diante
dessa ceia afarturada de sandices, resta àqueles que ainda acreditam no
espírito natalino protestar – jinglebelicamente se necessário – contra as
atitudes do Seu João Luiz e de sua alcateia clausfóbica. Como? Montando árvore
na sala, pendurando meias e pisca-piscas nas janelas, botando guirlanda na porta.
Vale também continuar enviando cartinhas, e-mails, torpedos e afins para o Polo
Norte. Não é bom deixar que o carteiro deslembre o endereço da Natalândia.
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