O
Dia Internacional da Mulher foi ontem. Mas deveria ter sido anteontem também. E
hoje. E amanhã. O dia da mulher deveria ser todo dia. A mulher merece todas as
homenagens, todos os elogios, todas as reverências, todos os salamaleques.
Todos os comerciais cor-de-rosa que a publicidade for capaz de inventar. Todas
as mensagens cafonamente sinceras que você for capaz de compartilhar nas redes
sociais. Todas as rosas que aquela ONG de defesa dos direitos dos ornitorrincos
ucranianos ameaçados de extinção for capaz de distribuir. Em suma: todas as
honras em buquê.
Ainda
assim, ainda que as mulheres façam jus a todos os Oscars honorários e
humanitários (especialmente os humanitários), não vou escrever sobre elas. Pelo
menos não no sentido estrito da palavra, do conceito. A ideia aqui é prestar um
tributo, sim – mas aos homens. Especificamente aos mais másculos, aos mais viris:
aos verdadeiramente machões.
Aos
machões que arrumam a própria cama e cujo QI permite que dobrem até lençol de
elástico; aos machões que põem a mesa do café sem entornar o açúcar; aos
machões que lavam a louça; aos machões que enxugam a louça; aos machões que
passam aspirador e tiram pó; aos machões que manejam uma vassoura com destreza
de espadachim; aos machões que esfregam o chão da cozinha e secam a pia do
banheiro; aos machões que dedilham os botões da máquina de lavar roupa como se
estivessem trocando o canal da tevê; aos machões que sabem a diferença entre
sabão e amaciante.
Aos
machões que ajudam o filho ou a filha no dever de casa; que vão à reunião de
pais; que se esbaldam nos cajuzinhos em festinha de play; que assistem à novela
com a companheira (ou companheiro) até quando há um jogão entre o Piracicabense
e o Mangaratibano no mesmo horário; que passeiam no shopping com disposição de
serem mais que cabides; que choram em comédia romântica; que não perdem uma reprise
de A noviça rebelde; que passam uma
semana – no mínimo – cantarolando “Do-ré-mi”; que leem a Martha Medeiros todo
domingo; que agarram o Mickey toda vez que vão à Disney.
Por
fim, minha mais profunda saudação aos machões que escrevem, leem e/ou recitam
poesia. Um feliz dia, semana, ano, década, vida inteira internacional da mulher
a todos.
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