domingo, 14 de julho de 2013

Café com o presidente

É isso que dá brincar com assunto sério. Foi só o escândalo da espionagem ianque vazar que o bonitão aqui correu pro Face, Twitter e afins pra postar sua última gracinha: dar bom dia ao Obama e convidá-lo prum cafezinho. Resultado: meia dúzia de curtidas depois, o Baraca já estava verdinho no meu bate-papo.

Devolveu a saudação matinal em português mesmo. Teclado com tradução simultânea para qualquer língua; digito aqui na Casa Branca em inglês, sai aí em Buenos Aires em brasileiro, contou ele entre um emoticon e outro com a cartolinha do Tio Sam – mas sem a menor ideia do que seja a América além da fronteira com o México.

Contou também que sabia tudo sobre a minha vida. Tu-do. Das senhas de banco às cores das cuecas. Da data, hora, local e temperatura de quando nasci ao aniversário de namoro com a Fernanda (que até eu desconheço). Sabia ainda cada site que eu visitava, cada música que eu baixava, cada vídeo a que eu assistia.

Que vergonha: o presidente dos Estados Unidos da América, o Nobel da Paz, o marido da Michelle sabendo que eu já entrei no site da Ana Maria Braga pra copiar receita, que eu já baixei música do Michel Teló, que eu já assisti a pegadinha do Mallandro no Youtube. Só pra ficar no que o horário e o decoro permitem.

Assim não pode, assim não dá.

Yes, we scan, ele respondeu em inglês, só pra não perder a piada. Mas não se preocupe. Nada do que você tem feito – nem mesmo falar mal da nossa política externa, das nossas comédias românticas ou do suco de laranja do McDonald’s – é digno de umas férias com tudo pago e direito a acompanhante em Guantánamo.

Ufa, ainda bem, Obama. Eu já estava ficando apavorado com a possibilidade de ser barrado na Disney – feito a Baby e o Pepeu, lembra? Posso até ter meus momentos anti-imperialistas, comer umas esfirras, tomar umas cubas libres (pescou? pescou?) de vez em quando, mas jamais, juro, chamaria minhas filhas de Riroca, Zabelê e Nana Shara.

Seria, e aí não pense que se trata de indireta ou declaração de guerra, um atentado.

4 comentários:

  1. essa história de espionagem dos Estados Unidos foi o limite da paciência, isso não dá mesmo.

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  2. Eu não me surpreendi em nada com essa espionagem americana ...

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  3. quando eu esculto essa noticia só me lembro da serie "person of interst"

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