Faz
uns dias recebi um e-mail de uma velha amiga (dos tempos da escola) e, desde
então, mal consigo dormir. Não sei o que dizer a ela. Resolvi, por isso, compartilhar
sua mensagem com meus onze leitores. Talvez vocês possam me ajudar a pensar
numa resposta delicada, numa palavra de conforto. Maria Joaquina está
precisando.
“Fábio
querido, como vai? Ainda dando aula? Fazendo revisão? Quando é que vou ver suas
croniquetas no Globo?
Aqui
na Barra os dias têm sido dificílimos. Soltaram as empreguetes no condomínio. Já
tem Maria achando que é Taís Araújo. Exigindo hora extra, hora do almoço, hora
do descanso – até férias e FGTS. E elas nem sabem o significado da sigla, pode?
Daqui a pouco vão querer participação nos lucros também. Já avisei: meu iogurte
importado, não divido nem por decreto do Joaquim Barbosa.
Haja
ingratidão.
A
Marinete, por exemplo: sempre comeu da minha comida – até patê de fígado de
ganso já provou. Tem um quartinho só dela atrás do canil, a mangueira do
quintal pra tomar banho, a tevê preto e branco que foi da minha bisa. Sem
contar os presentinhos: as roupinhas surradas da Paty, as gravatas que o Beto
não usa mais, chaveirinho de Nova York, guardanapos dos melhores restaurantes
de Paris. Até orelhinhas da Minnie – da minha última viagem a Orlando – eu dei
pra ela!
Nete é praticamente da família. Quase
como a Lassie e o Scooby.
Só
que, com essa lei, não sei se vai continuar conosco. Ficou pesado demais. Pra
mim e todo mundo, né? Conheço várias amigas que estão dispensando as secretárias.
O resultado disso, a gente sabe: desemprego. Mas tem problema não. Já, já o
governo se dá conta do que fez, inventa uma bolsa-espanador pra amparar as
coitadas e tudo se resolve. Menos a louça na minha pia, claro.
Hello!
Parem a limusine que eu quero descer!
Sabe
de uma coisa? Estou pensando seriamente em me candidatar ao próximo Mulheres
ricas, da Band, pra completar a renda e (tentar) manter a Marinete – que eu
não posso viver sem essa mulher. Ela é o chãozinho limpo que eu piso todo dia. Torça
por mim, Fábio! Ah, beijocas na Fê! Da sua amiga de-ses-pe-ra-da, MJ.”
E
aí, alguma sugestão?
Quem não quer fazer serviço doméstico precisa de empregada, um emprego que deve ser valorizado como qualquer outro!
ResponderExcluirReceber uma mensagem por e-mail é quase igual a receber uma carta, pois com tanta conectividade. Coisas simples como isso vira maravilhosas!!!
ResponderExcluirhahahahaha poxa, muito intuitivo o tema com o título!!
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