Quanta
gente emocionada com a escolha do novo papa. Chorando. Rezando. Olhando pro
céu. Comprando santinho. Esperando milagre. Até fazendo promessa de ir à igreja
– nem que seja uma vez por ano. Talvez duas: Páscoa e Natal. Conta o casamento da
sobrinha do cunhado do primo da vizinha?
O
número de católicos quadruplicou nos últimos dias. Graças a Deus? Não, ao
conclave: o hype da semana.
Uma
coisa que não chega a ser hype – mas, convenhamos, pega bem à beça – é se anunciar
cinéfilo. Muito cool. Só que o sujeito faz cara de Alien versus Predador pra
filme de monstro; faz o diabético pra engolir uma comediazinha romântica; faz o
judeu sem pátria toda vez que tem de atravessar (e não atravessa) a cidade pra
encontrar uma salinha que esteja passando o último do Woody Allen.
Pior:
faz-se de surdo – e, principalmente, de analfabeto – e encara na boa o maior
dos pecados, o filme dublado. Até prefere. Legendas só atrapalham a fruição.
Oh.
My. God. Father.
Tem
também o torcedor rubro-negro. O Mengão desde criancinha que não sabe escalar o
time, não sabe quando o time joga, não sabe de quanto o time perdeu, não sabe
quem o time contratou para o ataque. Talvez nem saiba o nome completo do Zico –
o que é heresia comparável a colocar São Judas Tadeu de cabeça pra baixo porque
não deu conta da causa impossível.
O
mundo anda cheio desses católicos não praticantes, desses cinéfilos de Sessão da tarde, desses torcedores de
Copa do Mundo. Desses fiéis que enchem a boca pra dizer sou isso, sou aquilo,
sou aquilo outro, mas que não têm fôlego para a missa todo domingo, para o
clássico em preto e branco na última sessão, para o jogo num sábado à noite
contra o Pindamonhangabense – pelo Brasileirão da Série D.
Dessa
multidão que não se entrega – de coração, cabeça, estômago – a nada. Que não se
integra a coisíssima alguma e, por
isso, acaba comprometendo a própria integridade. Que vive apenas na superfície
de um protocolar sinal da cruz toda vez que se vê diante de um templo; de um
celular ligado nas redes sociais mesmo quando a sala já escureceu; de uma
bandeira que só aparece na janela quando o time ganha.
Crente,
crente de que simpatia é amor. Quase.
Curioso mesmo foi a "torcida brasileira" que ficou triste pelo argentino ter sido eleito. Como se fosse uma partida de futebol BrasilxArgentina rs
ResponderExcluirSabe o que eu acho?
ResponderExcluirQue as pessoas estão muito fanaticas isso sim, gostar de algo é uma coisa, gastar todo o seu tempo só naquilo é outra absurdo isso, as pessoas devem viver mais e parar de serem tão fanaticas isso sim.
Concordo com a Fernanda tb... qdo não se reclama do fanatismo, se reclama da falta de empolgação. Eu simplismente não cago regras de como as pessoas devem ser, se querem ser profundas, se querem ser rasas... sejam na medida que suas vontades quiserem!
ResponderExcluirEu tb concordo com vc, É muita empolgação, e pouco conhecimento!!
ResponderExcluirAbç