Aleluia.
A Semana Santa é logo ali. Como de hábito e batina, estou prontinho pro jejum:
de hora pra acordar, de hora pra bater o ponto, de (uma) hora pro almoço, de
horas no trânsito pra chegar em casa, de hora pra dormir. A noite é uma criança
sem tique-taques catequistas; o dia e a tarde, também. Um trio de ateuzinhos
descalços correndo pela sacristia.
Pena
que nem tudo é perfeito. Longe disso. A Semana Santa não faz jus ao nome, nem
ao sobrenome. Pensemos bem: como é que algo que começa na quinta para alguns (na
sexta para o resto) e termina no domingo para todos pode ser chamado de Semana?
É no máximo um Feriadão – cá entre nós, Beato.
Que
no meu Vaticano só ganharia canonização se iniciasse na segunda. Aí sim
poderíamos encher a boca e o calendário: Semana Santa.
Falando
em encher o calendário, acaba de me ocorrer o quão negligente – injusto até –
ele tem sido com a pluralidade religiosa da nossa outrora Terra de Santa Cruz.
A ilustríssima folhinha, senhora de todas as datas, só nos dá refresco nos dias
cristãos: Páscoa, Corpus Christi, Nossa Senhora Aparecida, Finados, Natal.
E
os judeus? Os muçulmanos? Os umbandistas? Os espíritas? Os budistas? Os wiccas?
Os druidas? Os trekkers? Os jedis? Os corintianos? Como é que ficam?
País
que se prezasse – e que não desejasse arder no mármore do inferno por toda a
eternidade – não deveria adotar uma só religião; muito menos (pecado dos
pecados) batizá-la de oficial. Deveria, sim, acender vela para todos os credos,
comungar com suas respectivas festas e aderir a seus feriados. Sem preconceito.
Sem receio de que o Coisa Ruim abrisse novas filiais de sua oficina. Atitude
mais democrática e digna do Paraíso não haveria.
Ou
não seria bom demais emendar o dia da padroeira com o Pessach e o fim do Ramadan?
Juntar as oferendas a Iemanjá aos doces e travessuras do Halloween? Enforcar
aquela sexta entre o Mês do Orgulho Jedi e a Quinzena de Adoração ao Doutor
Sócrates?
Sonhar
e rezar não custam nada – nem o dízimo nosso de cada missa. Mas por ora, enquanto
o Feriado Final não nos arrebata pro outro mundo, a gente levanta as mãos pro
céu pra agradecer as míseras folguinhas que tem.
As
mãos pro céu e as pernas pro ar.
Concordo com vc que a semana santa não condis com o nome que tem porque as pessoas pensam que é só feriado. Mas um feriado para refletir sobre as coisas boas e ruins.
ResponderExcluirhttp://rodrigobandasoficial.blogspot.com.br/
O problema é que as pessoas não respeitam muito a tradição e acham que é apenas mais um feriado no ano.
ResponderExcluirMuitos desconhecem o simbolismo e a história.
Isso é verdade, mas se assim fosse... os dias úteis seriam feriados e nos feriados trabalharíamos. Mas pense bem, é assim no mundo todo, as datas comemorativas religiosas que são adotadas como feriados pelo estado, são as que pertencem a maioria daqueles que construíram a nação. É assim aqui, é assim no oriente! é assim no resto do mundo. Em muitos países, natal e páscoa são outro dia qualquer.
ResponderExcluirmuitas coisas acabam perdendo significado com o tempo não acontece apenas com datas comemorativas né.
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