Salvo por um pano aqui, um aspirador acolá, não levo vida
de empreguete – mas pego às
sete a novela de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, a toda boa Cheias
de charme. Comediazinha bem despretensiosa que faz a gente voltar do
serviço querendo se esparramar no sofá e acompanhar a véspera de madame de três
Marias brasileiras.
Elas que são o piso brilhando de uma casa em que nada está
fora do lugar. Heroínas que fazem a hora – até
uma horinha extra, se for preciso –, Penha, Rosário e Cida não esperam
acontecer o poeirento milagre do último capítulo, o ainda embaçado porque tão,
tão distante felizes-para-sempre. Vão à luta pela sobrevivência, pela fama,
pelo amor.
A Penha de Taís Araújo é a Maria na pia, a
Maria na feira, a Maria na van lotada, a preta cheia de garra, a favelada do
Borralho, da Rocinha, do Vidigal, da Mangueira, do Alemão que cria os irmãos e
o filho sozinha, no braço, na nhanha, sem tchê tchererê tchê tchê, sem ajuda de
marido, mãe, pai, tia, vó, vizinho, cachorro, papagaio, periquito.
A Rosário de Leandra Leal é a Maria
cantando, a Maria dançando, a Maria no palco, a menina cheia de talento, a moça
bonita que rabisca mil e um chalalalás no caderno colorido, toca violão no
barzinho da esquina depois do expediente, bola coreografias mirabolantes, faz
do seu quarto um camarim de sonhos a serem realizados.
A Cida de Isabelle Drummond é a Maria
"Cinderela, Cinderela, noite e dia, Cinderela", cheia de graça e
doçura, prestes a deixar as garras da madrasta patroete e de suas filhas –
a nojenta e a entojada –, tomar as rédeas de sua carruagem com
lataria de limusine cor-de-rosa e rumar até o castelo de seu príncipe de carne
e osso.
Se não bastasse o trio ternura, a
saga das curicas ainda tem a Chayene de Cláudia Abreu como a antagonista pavoa,
mistura arretada de Viúva Porcina, Joelma (da banda Calypso) e vilã de desenho
animado. (E mais não me arrisco a falar da diva, sob o risco iminente de a
Brabuleta de Sobradinho achar que a estou comparando com aquelas chumbreguetes
desenxabidas.)
Como ouvi manhã dessas no programa de rádio do
Gentil Soares, que escuto enquanto lavo a louça do café, novela assim – de a gente rir de
se acabar – não acontece todo dia.
Não tenho muito saco pra novelas
ResponderExcluirmeu vício mesmo é computador! até porque não achei muito verossimel essa história na TV
A despretensão talvez seja o ponto forte desta novela que tem muito charme sim , especialmente de cláudia Abreu que na minha opinião é a melhor atriz do ano até agora .
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