Domingo desses topei com o Pedro Bial
falando dos trocentos textos que circulam na rede com sua assinatura e não são
seus. Segundo o jornalista, as pessoas andam tão preocupadas em ser lidas que
se "esquecem" da vaidade e relegam a assinatura, a
autoralidade a segundo plano. "Cá entre nós, é a vaidade que nos
move", lembrou o apresentador.
Verdade, Bial. Que graça tem escrever a
frase só lâmina à João Cabral, o final surpreendente à Agatha Christie, o
diálogo antológico à Woody Allen, a crônica redondinha à Martha Medeiros, se
não há quem chegue ao ponto final e descubra nosso nome ali, (quase) discreto,
à espera de um elogio, de um comentário, de um xingamento cabeludo que seja?
Ah, um texto à Fábio Flora. Do Fábio Flora. Com a cara
Dele. Muitíssimo bem escrito. Correto em cada vírgula e travessão.
Megapretensioso, como sempre. E superficial. Agradável. Afetado. Rebuscado.
Desmiolado. Desengonçado. Divertido. Hilário. Chato pra burro e pra leitor que
se preze. Sonolento. Completamente descartável.
Uma merda.
Quem me dera ouvir um adjetivo desses – quiçá o substantivo – da boca de um Luis
Fernando Verissimo, de um Artur Xexéo, de um Pablo Villaça, de um Juca Kfouri,
de um Arnaldo Jabor, até de um Diogo Mainardi. (Que o Lulalá não nos leia: não
seria nada ruim ser a anta predileta do Diogo Mainardi por dois mandatos ou
meia dúzia de crônicas.)
Por ora, enquanto
esse dia não dá nem o arzito rarefeito da graça, me contento com os
confetes de mamãe. Ainda que não sejam tão doces quanto as palavras de um
espelho mágico.