Tinha prometido a mim mesmo não escrever nadica de nada sobre o Big Brother Brasil. Mas o fator Aline me
fez mudar de ideia. O jeito desinibido, sem papas na língua, meio Penha –
empreguete vivida por Taís Araújo em Cheias
de charme – da carioca de 31 anos não agradou a mais de setenta por cento
do público, que a defenestrou da casa mais vigiada do Brasil.
Uma pena. A moça saiu cedo do jogo. Sua presença tsunâmica certamente agitaria
mais o oceano do reality do que aqueles brothers-marolinhas, náufragos
afundados em frases feitas, navegantes que parecem ter como único leme o
nhenhenhém do politicamente correto.
No dia seguinte à sua saída do programa, a garota mostrou um pouco do personagem
antológico que poderia ter sido. Mais uma vez decidiu esquecer as câmeras e fez
o que lhe deu na veneta. No susto. Tirou as calças durante uma entrevista à Ana
Maria Braga, no Mais você, para
mostrar meia dúzia de marcas roxas nas pernas – resultado, segundo ela, do
nervosismo sentido dentro do BBB.
Os olhos da apresentadora arregalaram com a atitude inesperada da
moçoila. Ainda estamos no ar? Vamos para um intervalinho comercial! A gente
volta já!
A menina causou. Logo o vídeo bombou na internet. Bombou porque saiu do
lugar-comum e foi parar na terra da exceção, do extra!-extra!-ordinário, do que
foge ao rame-rame diário. Porque abalou as estruturas – mesmo que por segundos
– do mundo certinho e roteirizado do Louro José.
Esse blablablá todo é para chegar aqui: como seria bom se outras Alines
invadissem territórios mais relevantes do que um show de tevê ou o Youtube.
Se outras Alines berrassem ri-dí-cu-lo na cara dos bambambãs que mal
se (re)elegem e aumentam o próprio salário – para não serem obrigados,
coitadinhos, a complementar a renda com uma licitação fraudada ou uma obra
superfaturada –, enquanto cidadãos são arrastados por correntezas de lixo e
soterrados por ondas de destroços: restos de escolas, hospitais, museus e
outros itens menos importantes que estádios de Copa do Mundo.
Melhor ainda se outras Alines abaixassem as calças e – por que não – defecassem
de vez em quando nos nossos narizinhos anestesiados, tão acostumados com o
cheiro do esgoto não tratado, tão acomodados com a sujeira na calçada, que não percebem
mais como as ruas, os bairros, as cidades, o país – a nossa vida – podem (e
devem) ser bem cuidados.
Que não sentem mais o perfume dos próprios direitos. O aroma da própria
dignidade.
Enfim.
Só espero que o adeus prematuro de uma participante tão singular, que
de alguma forma incomodou tanta gente, não seja um sinal (péssimo) de que ainda
não estamos preparados para aquilo que nos sacode além do planejado. Aquilo que
nos arranca do cercadinho. Que nos tira da pasmaceira na qual costumamos viver.
Não, acho que não. Afinal, aquilo
é só mais um capítulo de novela mal escrita. Mera atração de circo – dos
horrores? – cujas focas amestradas somos nós.
Mina chata do caralho
ResponderExcluirBBB nããããããããããão! D:
ResponderExcluirConcordo com tudo o que você falou. Acho também que o povo brasileiro não sabe ouvir a verdade e se a verdade for alguma coisa no pais, elas rejeitam esse histórico de verdade e colocam de baixo do tapete. Também acho como todo mundo que não gosta de BBB, mas essa participante foi a unica que falou a verdade. Se tivéssemos essas pessoas como a Aline nosso pais seria mais verdadeiro e mais aberto pra opiniões.
ResponderExcluir_______________________________________________
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Só tenho uma coisa a dizer, para mim, ela é uma fake, muito forçada por sinal!
ResponderExcluirAbraço. =)