domingo, 16 de dezembro de 2012

Bodas de coral

Última terça, 10 de dezembro. Liguei pra Mãe. Queria saber como tinha sido a viagem a São Lourenço, sul de Minas – descansou? passeou? fez sol? tirou muita foto? coisa e tal. Papo vai, papo vem, vai também aquela pesquisinha básica dos presentes de Natal: camisa pro Pai, perfume pra Tia, CD pro Mano e demais etcéteras a serem encomendados ao Sr. Noel.

Filho exemplar, não? Tão atencioso com a família. Tão dedicado aos seus. Tão... Que nada. Bastaram dois, três minutinhos no telefone pra Dona Angela me lembrar da falta que uma folhinha faz: hoje seu pai e eu completamos 35 anos de casados.

Ah, é mesmo?! Parabéns!...

Ela agradeceu as quatro palavrinhas – regadas a espanto e constrangimento – e a conversa continuou. Sem melindres. Pelo menos da parte dela. Só que eu me senti tão culpado de não ter guardado a data com a devida atenção que resolvi aplicar a mim mesmo punição das mais severas: um ano sem sorvete (quem me conhece sabe o quão pesado é o castigo). Nada de picolé, sacolé, latinha, caixinha, cremoso ou não. Casquinha, nem pensar. Vetada até a raspadinha de gelo.

E mais: o compromisso de assinar esta tentativa meio desajeitada de homenagem, esta croniqueta que não faz jus a anos tão intensamente (e bem) vividos – que merecem ser comemorados com buquezão de flores, festa-flashback, jantar romântico, semana na Disney, show do Paul McCartney, tudo que desejarem. Ainda será pouco.

Desses 35 anos, participei de 32 (fora os nove meses de sombra, água fresca e soninho gostoso no útero de mamãe). Mais de 11 mil dias juntos, inúmeros instantes de porta-retrato e a oportunidade de compreender o significado dos únicos substantivos capazes de abraçar os adjetivos que definem uma relação verdadeiramente a dois: amizade, carinho, companheirismo e – a apelação é sincera – amor.

Brigado, Mãe. Valeu, Pai. Pela história escrita genuinamente a quatro mãos (dadas).

Que as bodas de vinho – daqui a 35 anos ainda mais felizes – sejam tão saborosas quanto a vida que cultivaram até aqui. Que tenham aquele gostinho de champanhe estourando réveillons, de fogos explodindo copacabanas, de alegria espalhando risadas e (por que não?) de sorvete serenando verões.

(Só espero que, após tantos substantivos, adjetivos e afins, eu possa requerer anistia. Ou ao menos um relaxamento de pena. O indulto natalino, acho que já consegui.)

4 comentários:

  1. Primeiramente, parabéns pelo casal.
    Tomar que essa punição não quebre kkk.
    Brincadeira não precisa ficar assim, pelo menos você lembro do aniversario de 35 anos dos seus pais.

    http://rodrigobandasoficial.blogspot.com.br/

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  2. Realmente uma data digna de comemorações. 35 anos de casados não é pra qualquer casal e nos tempo de hoje então. Parabéns aos seus pais e que eles sejam muito felizes, por muitos anos ainda!

    Abraço.

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  3. Nunca tinha ouvido falar de de bodas de coral
    http://nipponpress.blogspot.com/2012/12/numero-de-crimes-devera-cair-pelo.html

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