O príncipe Hugo, Huguinho para as netas da Vovó
Donalda, não sossegou enquanto não sentou no trono de pau-brasil deixado
pelo pai, o temido Adolfão I, II e III – que
sempre teve o pódio todinho só pra ele. Bastou o rei de roma comer rúcula real
pela raiz, e o menino tratou de capar, moer e servir numa bandeja de ouro os
irmãos mais velhos: Zezinho e Luisinho. Sem direito a farofa ou molho
vinagrete.
A cerimônia de coroação do novo número um do pedaço e
adjacências foi um luxo só. De fazer muita inveja à família surreal britânica e
aos milksheiks árabes unidos. A comilança foi oferecida pelo poderoso chef(ão)
Clô de Troisgros. A decoração, assinada pelo gênio da beleza interior e
exterior Tok Stok Rosenbaum. A música, os fogos copacabânicos e os efeitos
cafonálicos, uma gentileza da André Rieu Big Band & Surround Sounds.
Até a comunidade do Chapéu Projac desceu o morro para ir à
festa. Que teve direito a Amaury Sandy Junior entrevistando as celebridades
mais instantâneas de Wonderland, aquelas cuja fama não ultrapassava quinze
segundos – as que excediam o tempo regulamentar tinham suas cabeças
cortadas a pedido do rei, que não admitia concorrência no horário nobre e
no plebeu.
Entretanto, contudo, todavia, apesar de tantíssima pompa,
as circunstâncias ainda impediam que o monarca fosse inteiramente feliz. O
regime do país era tão, tão rigoroso, que não só proibia o consumo de Big Macs,
como também vetava a adoração de ídolos estrangeiros. E quiseram as
fadas-madrinhas da Segunda Estrela à Direita que Hugo nutrisse uma paixão
incontrolável pelo Mickey Mouse, o garoto-propaganda de seu maior rival, o Tio
Patinhas Sam.
Nada que um passaporte falso, uma viagem clandestina e
bastante maquiagem não resolvessem. E lá foi o rapaz brincar duas semanas nos
parques do rato mais famoso do planeta. Tudo ia bem até o soberano sair
encharcado de um passeio na Splash Mountain. O banho que tomou desfez o
disfarce. Sua foto – com
orelhinhas no lugar da coroa – logo
se espalhou pelas redes sociais.
“Ôôôô, o imperador voltou... O imperador voltou... a ser
criança!”, berravam as manchetes dos tabloides e demais jornalecos de oposição.
Para encurtar a estória e não cansar os eleitores: ao
contrário das previsões de Míriam Porcão e Mãe Dinada (os maiores oráculos da
nação), o rei desembarcou na Casa Branca de Neve, sede do governo, ovacionado
por conselheiros, secretários, funcionários e, especialmente, pelo povo, que
passou a exigir direitos iguais; em outras palavras, a livre circulação de
chapéus e acessórios do Mickey, da Minnie, do Pateta, do Pluto, além, claro, de
permissão para férias na Disney.
Reivindicações justas que Hugo o Generoso e Magnânimo, orientado pelos
sábios marqueteiros de seu partido e pressionado pelos donos das agências de
turismo, acabou aceitando. Mesmo a doses majestádicas de contragosto. Afinal,
passaria a dividir sua idolatria pelo camundongo com os queridos súditos – aqueles roedores que, infelizmente, não cabiam em
sua bandeja de ouro nem capados e moídos.
ficou legal a história dele com tons de humor.
ResponderExcluiraeheahehaae
ResponderExcluirvc q fez? :D
http://www.ziqzira.com.br/
Eu rachey (espaço publico frequentado por desocupados) kkk' mto bom
ResponderExcluirTrollando Mesmo
http://qualetrollandomesmo.blogspot.com.br/
Poxa, muito intuitivo e impressionante! Com certeza foi a melhor leitura que fiz hoje.
ResponderExcluirParabéns!